JAMES MARTINS

nenhuma poesia

segunda-feira, março 18, 2013

Qual é o plano para os planos, Netinho?


Vou direto ao assunto. O problema é o seguinte: o trânsito em Salvador está uma droga. Óbvio. A cidade, até por uma questão geográfica, vai ter (já tem) muitas dificuldades para enfrentar a questão. Óbvio. As alternativas ao malfadado transporte rodoviário são poucas e, devido ao relevo, não vão aumentar muito. Ok. Daí eu pergunto ao prefeito ACM Neto, porque é então que um dos nossos poucos trunfos nesse quesito, a saber, os planos inclinados e elevadores, vivem parados e (pior ainda) substituídos pelos famigerados ônibus? Morro de vergonha toda vez que passo na Praça Municipal e vejo os turistas suando em filas gigantescas para conseguir uma vaga no Elevador Lacerda ou ainda tendo que trocar o passeio pelos desagradáveis e poluentes microônibus. Sem falar nos soteropolitanos nossos de cada dia que utilizam o veículo para ir ao trabalho. Mas, eu falei no Elevador Lacerda quando na verdade o drama maior é dos planos inclinados. Ora, um plano inclinado é uma maravilha! Em poucos segundos o sujeito que estava na Liberdade está na Calçada. E vice-versa. Sem engarrafamento, sem fumaça, baratinho. E tem mais, como a maior parte do sistema é mecânica, não há grandes dificuldades para manutenção. Resumindo: se botar um jegue ou dois malhadões de cada lado da linha puxando o cabo de aço, a cabine sobe e desce. Porém, pasmemos todos, tanto o Plano Inclinado Liberdade-Calçada (PILC), quanto o Plano Inclinado Gonçalves (Praça da Sé-Comércio), assim também o Plano Inclinado Pilar estão parados. Os dois primeiros há muito tempo já. E, no caso do PILC, ônibus oferecidos pela prefeitura o substituem, pelo visto para sempre. É um enorme retrocesso que deve interessar a alguém. Os ônibus demoram 700 vezes mais para chegar no mesmo lugar, ajudam a engarrafar a cidade, poluem, atropelam, etc. etc. etc. E devem ser alugados (provavelmente sem licitação e pelos olhos da cara) de alguém a quem, por isso mesmo, interessa muito que os planos inclinados nunca mais funcionem. Faço um desafio: abram essas contas e vejam se com o dinheiro gasto nos ônibus-provisórios já não dava para botar o plano em funcionamento umas 15 vezes, no mínimo.

E, no caso do Elevador Lacerda, não adianta alegar as novas cabines e tal. Ótimo que elas sejam novas e climatizadas. Mas, só vamos sossegar quando ele funcionar com força total e dignamente (note-se que nos tempos de Imbassahy o horário de funcionamento era muito mais largo, até meia-noite, o que beneficiava os moradores do Subúrbio com negócios no Pelourinho e adjacências), aposentando de vez o ônibusinhos de merda. Qual é o negócio? Sim, porque só pode ser um negócio. Afinal, o que justificaria que, dentre os três ‘planos’ a opção seja, quando funciona, pelo funcionamento do Pilar, que quase ninguém utiliza? Posso falar de camarote, porque moro bem em frente ao dito cujo e conto os gatos pingados que sobem e descem mais por lazer que por serventia. Enquanto isso o povo da Liberdade e da cidade baixa que tinham no PILC uma mão na roda, fica a ver navios. E nem isso, já que mesmo o espaço que servia de mirante está cerrado também. Se já era uma vergonha nos tempos do parasita João Henrique, para um prefeito jovem e ambicioso como Neto é inadmissível. Eis o que eu quero dizer: desconfio que alguém lucra com o sucateamento dos transportes alternativos de Salvador e sua substituição por microônibus. Tenho certeza de que não é o povo e que, muito ao contrário, essa história já foi longe demais. Bom, se o prefeito quer realmente demarcar uma diferença entre si e o fracasso que o antecede, deve encarar a questão com urgência e dar um basta. E se tem alguém mamando nessa teta, que mande pastar noutro lugar. Rapaz, qualquer condomínio da cidade consegue manter seu elevador funcionando. Como é que só a cidade inteira não consegue? É o carimbo da incompetência. Já basta não termos metrô. Temos ainda que passar o vexame de não conseguir botar um plano-inclinado para funcionar? Quando acaba dizem que baiano burro nasce morto.